O que é esse tal Romance de banca?
Romances de banca são livros vendidos em banca de jornal/revista e por isso são mais acessíveis. Nesse ponto têm algumas características como serem menores que os livros comprados em livrarias, têm folhas mais finas, capas maleáveis e sugestivas como seus títulos, e são mais baratos, também transportados em qualquer lugar. A história em geral é breve e possui as mulheres como centro da atenção encontrando no amor sua salvação, ou perdição. Já recebeu muitas críticas e nomes pejorativos: Romance cor-de-rosa, romance água com açúcar, ou romance de mulherzinha.
Historicamente, esses romances começaram a serem publicados em formatos de folhetim como novela impressa em jornais com enfoque nas mulheres e seu entretenimento e com o passar dos anos as histórias foram se transformando em livros.
O romance de banca teve origem, aqui na terrinha, em 1935 e esta fase inicial durou até 1960, quando a Companhia Editora Nacional já publicava coleções de livros para as ‘moças’ daquela época, as chamadas coleções Azul, Rosa e Verde. Desses selos, o mais popular foi a Coleção Verde, também chamado de Biblioteca das Moças que contava com 175 títulos.
O gênero teve o seu grande “boom” nos anos 70 quando a Editora Nova Cultural de São Paulo colocou nas bancas as coleções “Sabrina”, “Julia” e “Bianca”
Sabrina foi a grande pioneira. Foi esta série, a primeira a ser lançada em 1977, mais de uma década e meia após o encerramento das atividades da Companhia Editora Nacional com as suas coleções azul, rosa e verde.
Sabrina revitalizaria o romance de banca em nosso País, que já era considerado um gênero praticamente morto e enterrado. Os primeiros livros fizeram tanto sucesso que no ano seguinte, 1978, a Nova Cultural colocaria no mercado a série “Julia”; e em 1979, a série “Bianca”. Dessa maneira, os donos da Nova Cultural estavam praticamente copiando uma fórmula que havia dado certo em 1935 com a Editora Nacional, ou seja, lançar uma série de livros com três selos diferentes. Assim, “Sabrina” substituiria o selo verde; “Julia”, o rosa e “Bianca”, o azul
No Brasil, as editoras que atuam nesse segmento atualmente são a Nova Cultural e a Harlequim Books Brasil.
O porquê dos nomes:
Segundo a Nova Cultural, era preciso encontrar uma forma simples e marcante para classificar essas obras, já que, somente pelo nome do autor seria difícil estipular um padrão para a narrativa. Desta forma, ao escolher os nomes Sabrina, Bianca, Julia, e posteriormente, Mirella, a editora optou por nomes que poderiam definir um padrão para as histórias, de forma que as leitoras, ao ver os selos e suas denominações, saberiam exatamente o que esperar de cada uma desses livros
Bianca: Os relacionamentos amorosos são descritos de maneira sutil e poética; protagonistas sonhadoras e tem histórias situadas no passado
Sabrina: mostra conflitos do dia-a-dia gerados por mal-entendidos e ciúme, sempre coroados com um final feliz; são histórias atuais e tem protagonistas independentes
Julia: as aventuras são mais impetuosas e suas heroínas refletem melhor a mulher moderna, mas sonhadora;
Mirella: retratam uma mulher decidida e sexy
Ainda há a série de Grandes clássicos e Clássicos históricos
No caso da Harlequim books temos:
Paixão: Homens fortes e obstinados. Mulheres determinadas e audaciosas. Com personagens marcantes e cenários glamourosos.
Jéssica: Homens poderosos que são verdadeiro mestres da sedução encontram mulheres irresistíveis. Romances surpreendentes e inesquecíveis.
Desejo: Segredos, intrigas e muito romance. Em Desejo, os homens que têm tudo o que podem querer tentam conquistar as mulheres de suas vidas.
Características do enredo:
1 – Casal de protagonistas sempre bonitos
O casal de protagonistas é sempre bonito. Com certeza, você nunca viu uma mulher ou um homem com uma beleza comum. Eles eram lindos. A mulher loira de olhos azuis ou então morena com cabelos negros, compridos e volumosos. Ele, um verdadeiro príncipe.
2 – Autoras desconhecidas
A autora das tramas era o que menos importava no esquema. Quando uma escritora era convidada a escrever um enredo para qualquer um dos três selos da Nova Cultural, ela tinha de seguir uma estrutura narrativa única e que pouco ou quase nada mudava. Uma verdadeira cartilha.Eram contratadas apenas escritoras desconhecidas da grande massa de leitor. Muitas delas sem nenhuma bibliografia na Net.
3 – Simplicidade e finais felizes
Enredos simples e com finais felizes. Quem é mau morre ou sofre no final... e quem é “bonzinho” se dá bem. Essa é a tônica!
4 – Exclusivo para as mulheres
As histórias eram direcionadas exclusivamente ao público feminino.
5 – Cenas de amor exageradas
Quando os dois protagonistas desse tipo de romance se encontravam após tantas agruras ou então no meio da narrativa, quando as adversidades e intriga dos vilões davam “um tempo”, Sobrava beijos, abraços, juras de amor, lágrimas e isso e mais aquilo.
E com algumas tramas:
1 - Trama de amor- um casal que se ama é separado por alguma razão,volta a se encontrar e descobre que o amor
entre eles ainda existe;
2 - Trama de Cinderela – é a metamorfose de uma personagem, de pobre a rica, de feia a bonita, de inadequada a adequada, de incompetente a competente, de acordo com os padrões sociais vigentes.
3 - Trama de triângulo - o triângulo amoroso;
4 - Trama da volta - o filho volta à casa paterna, marido que volta da guerra; namorado que volta à cidade depois da separação durante anos;
5 - Trama de vingança - um crime(ou injustiça)foi cometido e o herói/heroína quer fazer justiça ou desvendar a verdade
6 - Trama do salvador - o herói salva a heroína de ameaças e perigos reais ou circunstanciais
7 - Trama do Patinho Feio - a heroína geralmente considera-se sem graça ou deslocada até o surgimento do herói que afirma que ela é especial e merece o seu amor, incutindo-lhe confiança e fazendo desabrochar uma nova mulher
8 - Trama da Bela E a Fera - herói ou heroína desconhecem a verdadeira natureza física ou social do outro, mas apaixonam-se mesmo assim, levando em conta as qualidades do ser amado.
9 - Trama do casamento de conveniência - no qual por algum motivo que não o amor as personagens precisam se casar(ou fingir que são casadas) e acabam se apaixonando e fazendo da farsa realidade.
10 - Trama do bebê - em que a narrativa se faz em torno de um filho, do casal ou de um deles ou mesmo de outros, por quem os dois resolvem ficar juntos e acabam se apaixonando, ou o pai que descobre depois de anos que teve um filho com a antiga namorada e os dois reatam em função da criança.
No geral as tramas são bem parecidas com os clichês vendidos em livrarias a diferença a meu ver é que nos livros “normais” alguns aspectos são melhores desenvolvidos e o final não é tão corrido, porque nos romances de banca, nas últimas páginas, parece que tudo se resolve e eu, particularmente, não gosto muito disso.
Autoras que migraram para livrarias:
A prova de que os romances de banca sofrem muito preconceito é que algumas autoras têm seus livros( antes de banca) publicados em formato tradicional e algumas delas fazem muito sucesso com as mesmas histórias, mostrando que só é procurar que vamos encontrar muitos livros bons no meio desses romances cor-de-rosa.
Nora Roberts; Hannah Howell, Julia Quinn
Então é isso, Xô preconceito.
Referências
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